sábado, 20 de abril de 2013

KÁTIA – MINHAS ORIGENS



Nasci no seio de uma família religiosa que ainda reside na cidade de São Paulo.
Filha de um casal de imigrantes judeus tchecos que, fugindo da fúria alemã, aportaram em São Paulo na esperança de encontrarem um lugar de repouso e descanso onde pudessem criar livremente seus filhos, mesmo que a saudade dos parentes e da terra natal ficasse marcada em seus corações para sempre.
Como a maioria dos imigrantes judeus eles chegaram ao país com mínimos recursos financeiros, mas esperançosos de atingirem seus objetivos profissionais e, como não dominavam a língua, procuraram ajuda com patrícios que aqui residiam a fim de conseguirem de alguma forma iniciar suas atividades.
Meus pais são oriundos de famílias ortodoxas e, portanto, passaram aos filhos os mesmos princípios e tradições nas quais foram criados e isso significa que o amor, a responsabilidade e a rigidez no cumprimento desses princípios andavam lado a lado e com pesos equivalentes.
Quando meus avós desembarcaram no porto de Santos não tinham a menor ideia do que fariam para sobreviver ou como educariam os filhos e se conseguiriam ou não se adaptar aos costumes locais.
Minha mãe e meu pai se conheceram ainda no navio que os trouxe e eram muito jovens quando chegaram ao Brasil. Durante a viagem surgiu entre eles o desejo de estarem juntos, de construírem uma história na nova terra e em poucos anos estavam casados.
Dessa união nasceram 2 filhos e 3 filhas, das quais eu fui a última; a caçula na qual decidiram colocar o nome de uma das matriarcas do povo judeu.
Aquele ano de 1977 havia sido especial para meus pais, porque além do sucesso profissional a providência divina os havia brindado com o nascimento de mais dois netos, filhos de minhas irmãs e que alegrariam em muito a vida de todos na família e foi nesse clima de amor e festa que fui gerada. Como minha mãe costumava dizer eu era a “raspa do tacho”, não que fosse indesejada, mas que não havia sido “programada” para vir ao mundo. Apesar de estar com 34 anos na época em que nasci, ela não entendia ser uma boa idade para estar com uma criança nos braços. Ela já havia passado por tantas situações difíceis e apesar da estabilidade adquirida nos negócios familiares preferia que eu tivesse nascido alguns anos antes.
Apesar dos temores, sua gestação foi tranquila em relação às anteriores e meu nascimento estava programado para o final do ano. Quem sabe, dizia ela, a criança não nasça no período de Chanuká, a festa das luzes? Assim como foi o milagre que deu origem à festa eu peço ao Eterno que ela também seja uma criança iluminada, cheia de brilho próprio e que todos sejam beneficiados por sua claridade, não importando o sexo que tenha.
E assim como esperava as contrações aumentaram sobremaneira naquele dia 22 de dezembro de 1977 e ela foi conduzida ao hospital para que eu pudesse nascer. Como era seu temor, ela não tinha a dilatação necessária e como eu não conseguisse sair, os médicos optaram por realizar uma operação cesariana. Ao final daquele dia vim ao mundo e fui depositada nos braços de minha mãe que me abençoou e a partir daquele momento me amou com uma intensidade muito grande.
Éramos e somos companheiras até hoje.
Apesar da criação rígida, posso afirmar que minha infância foi a melhor possível. Adorava ajudar minha mãe na preparação para o Shabat e para as grandes festas. Lembro-me de quando ainda jovem ela me ensinou as primeiras rezas e principalmente como acender as velas para o início do Shabat.
Ainda na infância fui matriculada em um tradicional colégio judaico da capital paulista e foi lá que conheci os amigos que hoje compartilham de forma especial a minha vida.
Eu e a Paula temos uma pequena diferença de idade, dez meses, mas como éramos nascidas no mesmo ano fui matriculada na classe em que ela estudava e desde aquela época nos tornarmos grandes amigas. Dividíamos a mesma carteira e sempre que possível estávamos juntas fora do colégio.
Ela sempre foi mais expansiva do que eu e facilmente se enturmava com o restante do colégio e principalmente com os meninos.
Eu, talvez por ser a caçula da casa, recebia um cuidado e uma “marcação” cerrada por parte de meus pais e irmãos mais velhos. Ao contrário de grande parte de minhas amigas eu não fui uma adolescente que gostasse de namorar, preferia estudar e principalmente ler. Lia tudo o que aparecia pela frente e foi nesse período que me apaixonei por poesias. Gostava não apenas de lê-las, mas também de escrevê-las. Não que eu fosse uma boa “poetisa”, mas gostava de escrever o que sentia e tinha certa facilidade para isso.
Sabendo disso, muitas garotas e também garotos me procuravam para que escrevesse algumas linhas que fossem para seus amores, tentando assim cativar-lhes o coração.
Apesar de o colégio ter seu próprio uniforme, o meu era um pouco maior do que o das meninas, pois meus pais e principalmente minha mãe não queriam que eu fosse “comparada” a algumas meninas “avançadinhas” demais para os costumes tradicionais, sendo assim, minha aparência não tinha muitas chances de agradar aos garotos.
Muito embora não tivesse nenhuma intenção de chamar a atenção dos outros estudantes eu sempre acabava rodeada pelos colegas, quer fossem garotos ou garotas e, apesar de ficar feliz com isso, de modo algum me envaidecia, pois ao completar quinze anos eu nem ao menos havia beijado sequer um garoto na boca.

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